Diz aí.
Pela primeira vez o papo aqui vai ser sobre um artista que vendeu pra cacete. Mas o disco em questão retrata um momento de afirmação do malandragem, quando ainda galgava os doces e díspares degraus rumo ao sucesso.
Logo de cara percebemos que o Lenny Kravitz de 91 era bem diferente do bonachão de chapinha de hoje em dia. O trabalho com timbres e sonoridades vintage, a calma nas composições (não necessariamente com resultados "calmos") e o evidente tributo a décadas anteriores fazem de Mama Said um marco na carreira do sujeito.
Mostrando influência das grandes bandas de rock setentistas, Always on the Run é energia pura, com suíngue absoluto e arranjo impecável. Metais fazendo linhas bacanas, participação especial do Slash (mandando brasa no riff e, claaaaro, no solo), linha melódica emputecida e grudenta. Quer mais o quê?
Apresentando-nos seu outro lado, que viria a ser banalizado com suas produções burocráticas e acomodadas da década seguinte, Stand By My Woman chama bom sinistramente, com seus delays analógicos na voz e na batera, aquele jeito negão de mandar brasa no vocal como se não houvesse amanhã e, mais uma vez, uma melodia que te pega e não larga mais ("I'm gonna stand by my woman now. 'Cause I can't live my life alone without a home"). Letra mela-cueca? Sem dúvida. Mas basta ouvir pra acreditar que é tudo legítimo. Mesmo que não tenha sido.
Prestando uma homenagem a Hendrix, Kravitz esculacha com When The Morning Turns To Night. A onda agora é final dos anos 60, clima Woodstock e um Hammond sabido sustentando tudo. O solo é apoteótico e com certeza fez O cara sorrir...
Mais adiante, certamente teremos mais de Lenny aqui no Chama Bom.
Músicas do post:
Dá o play, cola com quem você curte e apaga a luz.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Zakk Wylde - Book of Shadows (1996)
Nama!
Zakk Wylde, já mundialmente conhecido como "o guitarrista do Ozzy Osbourne" (solos bombásticos, riffs pesados, jeito matreiro de tocar), surpreende o pessoal do rock com um álbum eminentemente acústico, bastante preocupado com os arranjos e dedicado aos que curtem um clima sulista norteamericano, às vezes até beirando o country.
Between Heaven and Hell abre o disco com a essência do que encontraremos nas faixas seguintes: violões belissimamente gravados (e tocados), vocais de coração aberto e letras que abordam o amor de maneira bastante peculiar (conviver com o Ozzy deixa sequelas...). Tudo isso ainda temperado com uma gaitinha espertamente ingênua pra iniciar essa canção.
Em Sold My Soul, linda balada na qual ouvimos que o sujeito vendeu sua alma para ter a mulher amada. O contraste fica por conta da guitarra chegando de bicho na hora do solo. Taí um cara que detona como poucos, com violência e bom gosto em medidas precisas.
Se você ainda não tiver sido cativado(a) até aqui, então confira a Too Numb to Cry. Não há palavras capazes de descrever a densidade, o capricho e a riqueza de elementos dessa canção.
Apesar de ouvir esse cd sem pular faixa alguma, tentei destacar apenas três, já que ultimamente tenho falado de todas as músicas dos álbuns que abordo aqui. Penso que fica mais fácil pra quem nunca ouviu tais músicas. As citadas nesse post podem ser ouvidas nos links abaixo (os vídeos nem sempre serão os oficiais, portanto atente somente ao áudio):
Esse é pra ouvir na estrada, indo a qualquer lugar.
Zakk Wylde, já mundialmente conhecido como "o guitarrista do Ozzy Osbourne" (solos bombásticos, riffs pesados, jeito matreiro de tocar), surpreende o pessoal do rock com um álbum eminentemente acústico, bastante preocupado com os arranjos e dedicado aos que curtem um clima sulista norteamericano, às vezes até beirando o country.
Between Heaven and Hell abre o disco com a essência do que encontraremos nas faixas seguintes: violões belissimamente gravados (e tocados), vocais de coração aberto e letras que abordam o amor de maneira bastante peculiar (conviver com o Ozzy deixa sequelas...). Tudo isso ainda temperado com uma gaitinha espertamente ingênua pra iniciar essa canção.
Em Sold My Soul, linda balada na qual ouvimos que o sujeito vendeu sua alma para ter a mulher amada. O contraste fica por conta da guitarra chegando de bicho na hora do solo. Taí um cara que detona como poucos, com violência e bom gosto em medidas precisas.
Se você ainda não tiver sido cativado(a) até aqui, então confira a Too Numb to Cry. Não há palavras capazes de descrever a densidade, o capricho e a riqueza de elementos dessa canção.
Apesar de ouvir esse cd sem pular faixa alguma, tentei destacar apenas três, já que ultimamente tenho falado de todas as músicas dos álbuns que abordo aqui. Penso que fica mais fácil pra quem nunca ouviu tais músicas. As citadas nesse post podem ser ouvidas nos links abaixo (os vídeos nem sempre serão os oficiais, portanto atente somente ao áudio):
Esse é pra ouvir na estrada, indo a qualquer lugar.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Living Colour - Stain (1993)
Tido como "o disco mais pesado do Living Colour", Stain mantém a escrita abrindo com uma porrada na orelha. Basta ouvir a primeira faixa pra saber que a banda chega ao terceiro disco mantendo aquele fôlego de garoto.
Go Away mostra que o pessoal não quer brincadeira, atropelando o ouvinte com um riff mamútico (ou rinocerôntico, ainda não sei bem como definir), baixo agressivo e extremamente criativo (estreia do brilhante Doug Wimbish nas 4 cordas. Ex-Mick Jagger/Seal/Madonna...), vocais cavernosos e batera agulhada o tempo todo.
. Leave it Alone - clima mais pra cima, com aquele brilho que os hits costumam ter, remetendo inclusive aos tempos do Time's Up (3 anos antes). Após o segundo refrão, o ouvinte é chamado pra seguinte reflexão: "We’re always talking about peace, but it’s pieces that we find. What’s with all this tension? What is on your mind?";
. Bi - forma divertida de abordar a questão da bissexualidade ("Everybody wants you when you’re bi. Eating with the girls and laughing with the guys. Everybody loves you when you’re bi, but the tension and the passion’s double amplified");
. Auslander - agitada, experimental (nas sonoridades) e nervosa (nos vocais);
. Never Satisfied - inicia como quem não quer nada e te toma de assalto. "I've gotta have more and more, what I got? That's what they make money for, what I got? I sold my soul like a whore, what I got?";
. Nothingness - uma das coisas mais lindas que você já ouviu. Seja nos sons (puta trabalhos de baixo, guitarras sintetizadas, batidas e linhas vocais), seja nas letras ("Nothingness. All I have to feel is my loneliness. Nothing in the attic 'cept an empty chest. And nothing lasts forever");
Apesar de Time's Up ter sido o mais vendido, conheço muita gente que prefere o Stain. Como disse ontem a um amigo, às vezes curto mais um, às vezes mais o outro. Invariavelmente, ponho o primeiro pra rodar e deixo o segundo na agulha. Mas o inverso já aconteceu bastante também.
Go Away mostra que o pessoal não quer brincadeira, atropelando o ouvinte com um riff mamútico (ou rinocerôntico, ainda não sei bem como definir), baixo agressivo e extremamente criativo (estreia do brilhante Doug Wimbish nas 4 cordas. Ex-Mick Jagger/Seal/Madonna...), vocais cavernosos e batera agulhada o tempo todo.
Ok - disco introduzido, fãs cativados, e tal e coisa, e coisa e tal...mas e agora? E agora?? Eles iniciam uma saraivada de petardos que não me deixam escolha: tenho que fazer outra listinha de músicas. Vamos lá:
. Ignorance is Bliss - riff esculachante de guitarra pra começar, groove estúpido pra continuar e uma linha vocal daquelas que você assobia assim que houve;
. Leave it Alone - clima mais pra cima, com aquele brilho que os hits costumam ter, remetendo inclusive aos tempos do Time's Up (3 anos antes). Após o segundo refrão, o ouvinte é chamado pra seguinte reflexão: "We’re always talking about peace, but it’s pieces that we find. What’s with all this tension? What is on your mind?";
. Bi - forma divertida de abordar a questão da bissexualidade ("Everybody wants you when you’re bi. Eating with the girls and laughing with the guys. Everybody loves you when you’re bi, but the tension and the passion’s double amplified");
. Mind Your Own Business - arrastada, pesada, descompromissada, irada;
. Auslander - agitada, experimental (nas sonoridades) e nervosa (nos vocais);
. Never Satisfied - inicia como quem não quer nada e te toma de assalto. "I've gotta have more and more, what I got? That's what they make money for, what I got? I sold my soul like a whore, what I got?";
. Nothingness - uma das coisas mais lindas que você já ouviu. Seja nos sons (puta trabalhos de baixo, guitarras sintetizadas, batidas e linhas vocais), seja nas letras ("Nothingness. All I have to feel is my loneliness. Nothing in the attic 'cept an empty chest. And nothing lasts forever");
Apesar de Time's Up ter sido o mais vendido, conheço muita gente que prefere o Stain. Como disse ontem a um amigo, às vezes curto mais um, às vezes mais o outro. Invariavelmente, ponho o primeiro pra rodar e deixo o segundo na agulha. Mas o inverso já aconteceu bastante também.
Links para algumas das músicas citadas no post:
Pra ser ouvido com um bom estoque de latas geladas à disposição.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Living Colour - Time's Up (1990)
Conforme prometido, vamos ao segundo disquinho do Living Colour: Time's Up.
Mostrando que ainda tinham muita lenha pra queimar, dois anos depois do primeiro álbum, os malandros chegam distribuindo seu "novo" cartão de visita. Trata-se de uma faixa-título que senta a porrada no ouvinte, sem dó. Apesar do primeiro momento agressivo, não resistem e caem numa levada cheia de suingue (pra variar) e expõem a (improvável) letra ecológica (How you gonna stop the clock when the well runs dry? All the rivers have died. Moment by moment, day by day, the world is just slipping away).
Como é considerado por muitos a "grande obra" da banda (talvez por mim também), é complicado não citar vááárias músicas. Vou tentar resumir:
Aqui vão os links para algumas músicas citadas acima:
Quem curtir estas já poderá providenciar o disco. Vai por mim.
Inté.
Mostrando que ainda tinham muita lenha pra queimar, dois anos depois do primeiro álbum, os malandros chegam distribuindo seu "novo" cartão de visita. Trata-se de uma faixa-título que senta a porrada no ouvinte, sem dó. Apesar do primeiro momento agressivo, não resistem e caem numa levada cheia de suingue (pra variar) e expõem a (improvável) letra ecológica (How you gonna stop the clock when the well runs dry? All the rivers have died. Moment by moment, day by day, the world is just slipping away).
Como é considerado por muitos a "grande obra" da banda (talvez por mim também), é complicado não citar vááárias músicas. Vou tentar resumir:
- Pride - levada e melodia sensacionais;
- Love Rears its Ugly Head - não há quem não curta essa. Cheia de charme e nuances inacreditáveis;
- Someone Like You - um riff bem-humorado como introdução e bum! Mudam tudo pra cantar coisas como "Pacify me politician. Pacify me with your lies. Blind to the people suffering, deaf to the children's cries";
- Type - clima tenso/agressivo com linhas vocais que só o Corey Glover sabe fazer;
- Undercover of Darkness - jeitão soul e jazz no ar;
- Solace of You - Living Colour voltando de férias no Caribe.
Quem curtir estas já poderá providenciar o disco. Vai por mim.
Inté.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Living Colour - Vivid (1988)
Em homenagem ao show que farão na próxima sexta-feira, dia 16 de Outubro, no Circo Voador (Rio de Janeiro), passaremos a semana papeando sobre a discografia do Living Colour, sempre com um disquinho por dia.
Esses caras foram descobertos pelo Mick Jagger durante uns shows feitos no famoso pub novaiorquino CBGB's, ainda em 1987. Nesse mesmo ano foram levados para abrir vários shows dos Stones (é mole??) e em 88 partiram pro estúdio. Mandaram brasa então com o primeiro disco, sobre o qual tratarão as próximas linhas.
Com o lançamento de Vivid todos recebemos (perplexos) uma banda que continha/contém elementos até então jamais vistos em um mesmo grupo que tivesse atingido o mainstream: quatro negões tocando pra cacete (isso não é novidade pra ninguém), mas fazendo um rock pesado (com influências de punk+rap+Rn'B+heavy-metal+blues+ritmos latinos e o escambau), com críticas ácidas por todos os lados em tons positivistas. E mais: tudo isso temperado por abordagens de temas delicados como questões igualitárias/humanitárias/antipreconceito de maneira sincera, sem cisma e diversificada.
O Living Colour tem esse jeitão Bad Brains (banda do final da década 70, com características semelhantes às listadas acima) mas dessa vez a galera atingiu expressão no showbiz mundial e emplacou várias canções nos TOP's da vida. O álbum apresenta os caras com o petardo Cult of Personality. O ouvinte é levado por um riff animalesco de introdução (e aquele tradicional timbre comprimidaço do Vernon Reid), levada cavalar e letra marcante. Veja só uma partezinha:
Look into my eyes, what do you see?
The cult of personality.
I know your anger, I know your dreams.
I've been everything you want to be.
I'm the cult of personality.
Like Mussolini and Kennedy.
I'm the cult of personality.
E felizmente não pararam por aí. Bombas como Open Letter To a Landlord (com um dos começos de música/refrãos mais belos da história!), Funny Vibe ("No, I'm not gonna rob you, No, I'm not gonna beat you, No, I'm not gonna rape you. So why you want to give me that funny Vibe!") e What's Your Favorite Color? (grooooove!!) sacramentam de vez o Living Colour na história do rock a partir do final dos 80.
Músicas citadas:
The cult of personality.
I know your anger, I know your dreams.
I've been everything you want to be.
I'm the cult of personality.
Like Mussolini and Kennedy.
I'm the cult of personality.
Pra ouvir dia sim, dia também.
Até amanhã!
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Richie Kotzen - Change (2003)
Aloha!
Richie Kotzen já foi guitarrista (por um disco) da famosa banda de glam-rock Poison (arrghhh!!), além de ter gravado 2 álbuns com o Mr. Big (aqueles malandros da To Be With You, lembra?).
Apesar dessas passagens de sucesso no currículo, Kotzen estabeleceu uma sólida carreira como artista solo muito antes de entrar pra qualquer banda. Foi "descoberto" pelo selo de música instrumental Shrapnel, no final da década de 80, e passou a trilhar seu caminho por vias cada vez mais melodiosas, flertando abertamente com o funk, blues, hard-rock e Rn'B. Como se não bastasse, o sujeito ainda canta demais.
No disco Change encontramos belíssimas canções por todos os lados e o uso (na medida) de batidas eletrônicas, quebrando um pouco aquele ar rock que invariavelmente acaba inserindo em seus trabalhos.
Em Get a Life, Richie parte pro soft-rock direto e animado, com um puta timbre de guitarra "na cara" e um vocal despojado, de clima meio adolescente até. Mostrando que está com a inspiração melódica em dias de graça, sapeca uma sequência devastadora com Change (linda balada aos violões), Don't Ask (clima de balada, mas toda moderninha), Deeper Into You (pitadas de rhodes com clima funk e Rn'B no ar) e High (típica balada Kotzen, bebendo do blues e soltando o gogó).
Músicas citadas no post:
Esse é pra ouvir sempre.
Esse é pra ouvir sempre.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Incubus - Make Yourself (1999)
Opa!
Tarefa complicada essa de definir o som desses caras...
Apesar da linguagem ser rock, é evidente a preocupação com a escolha dos timbres, a forma com que as canções são construídas e, talvez a grande marca que imprimem em sua arte, a criação dos climas. Vale lembrar que tais características são encontradas em todos os seus álbuns.
Make Yourself é o terceiro disco da banda e o considero um marco na história do Incubus. Apesar de não abandonarem os momentos pesados e funkeados dos dois primeiros trabalhos, apresentam-nos algumas baladas muito bonitas e caprichadas (confira I Miss You) e mostram uma evidente evolução na questão das melodias. Tudo aqui soa mais maduro.
Ao iniciar a Nowhere Fast, aqueles que não curtem som pesado podem pensar que estou louco (como sugerir algo assim??). Mas quem consegue aguardar a introdução (curta e, de fato, cheia de guitarra) é brindado(a) com uma levada drum n' bass marota (mandada na batera com propriedade pelo excelente José Pasillas), acompanhada por uma melodia surpreendente (grudenta mas, ainda assim, nada óbvia) e um DJ que não se limita a intervenções rítmicas, mandando brasa com pick-up's, samples e um mini-moog show de bola.
Drive aparece na segunda metade do álbum e cativa dos adolescentes até suas vovós por ser direta e possuir aquela coisa radiofônica que os grandes hits sempre têm. Como se não bastasse, é rica em timbres nada usuais mostrando uma coragem impressionante dos caras em arriscar tanto numa canção que poderia ser encaradas como o "porto seguro" do disco, comercialmente falando. Mas eles arriscam. E se dão bem. Ser "pop" e "chamar bom" é isso aí.
Músicas citadas no post:
Pra ouvir hoje, assim que chegar de volta do trabalho.
Músicas citadas no post:
Pra ouvir hoje, assim que chegar de volta do trabalho.
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